Pernambuco investe em dessalinização
Serão aplicados R$ 12 milhões em 200 equipamentos no Agreste e Sertão
30/03/2013
As previsões climáticas para o
Semiárido pernambucano este ano
não são as melhores. As chuvas devem ficar
abaixo da média e
prolongar a estiagem que já entrou no segundo ano. Portanto,
já que
a água não vem de cima, o Governo do Estado quer tirá-la do
subsolo. Nos
próximos seis meses, o Agreste e o Sertão terão 200
novos sistemas de osmose
reversa, popularmente conhecidos por
dessalinizadores, que são capazes de
retirar os sais da água
provenientes dos lençóis freáticos, tornando-a própria
para o
consumo humano. Os equipamentos custarão R$ 12 milhões e
beneficiarão
pelo menos dez mil famílias.
Água que se tornará potável vai
abastecer cacimbas em áreas de estiagem
Os equipamentos serão implantados
pela Secretaria de
Recursos Hídricos e Energéticos do Estado
(SRHE), porém
deverão ser operados e mantidos pelas
prefeituras concedentes dos terrenos.
Segundo o
gerente geral de Recursos Hídricos, Mauro Lacerda, até o fim
de abril
pelo menos 20 novos sistemas
dessalinizadores já estarão instalados e
funcionando. “A osmose
reversa é um processo relativamente
simples. A água
carregada de sais passa por uma membrana
que retém esses materiais. A parte da
água sai
pura para o consumo. Por outro lado, é produzido o que
chamamos de
rejeito, que vai para um tanque e
pode servir de criadouro para peixes ou
aplicado em lavouras”,
explicou.
Como o sistema que não é barato, pois cada dessalinizador custa em média
R$ 60 mil, uma
forma de compensar o que poderia ser um problema ambiental é
transformá-lo em
oportunidade de negócio. Por isso, a aplicação do rejeito na
pscicultura já está sendo testada
em Ibimirim. Com o apoio do Ministério do
Meio Ambiente e do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES), 70 famílias estão sendo beneficiadas com
dois tanques para criadouros
de peixes. Em menos de quatro meses os trabalhadores rurais
conseguiram
produzir quase 700 quilos do animal.
“A Unidade Demonstrativa que nós implantamos em Ibimirim também tem sido
fundamental
na irrigação da erva atriplex ou, como é conhecida, erva-sal. Nosso
objetivo é levar a ideia
para outros sistemas de osmose reversa, porém isso
depende de condições técnicas como
terreno propício e mínimo de vazão”, adiantou
Lacerda.
O Estado estima que existam cerca de 150 dessalinizadores instalados na
região do
Semiárido e que boa parte deles encontra-se fora de uso. Até o fim do
ano, a SRHE pretende
assumir a manutenção dos equipamentos, que hoje é feito
por empresas privadas. De acordo
com o gerente de Recursos Hídricos, em alguns
casos o valor cobrado para manter três
dessalinizadores poderia ser investido
em 300. “Vamos propor um acordo mais econômico
para os municípios e garantir um
maior controle da secretaria”, afirmou Lacerda.
Além disso, a SRHE tem um contrato de R$ 7 milhões com o Instituto de
Tecnologia de
Pernambuco (Itep) para recuperar mais 150 sistemas de
dessalinização, e de R$ 3,5 milhões
com a Aquapura para instalar mais 100. Até
o fim do ano, Pernambuco deve contar com o
funcionamento de 600
dessalinizadores que atenderão 30 mil famílias.
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