A bactéria é
encontrada no solo, em fezes de animais ou humanas que se depositam na areia,
ou na terra sob uma forma resistente (esporos). A infecção se dá pela entrada
deesporos por
qualquer tipo de ferimento na pele contaminado
com areia ou terra. Ferimentos com objetos contaminados normalmente representam
um risco grande de desenvolvimento da doença, se a pessoa não tiver sido vacinada.
Popularmente é
associada com objetos de metal enferrujado, mas o esporo do bacilo tetânico
está em todo lugar e pode ser encontrado na terra, em plantas, em vidro, em
madeira e em outros objetos, entrando no organismo por perfuração ou corte.
Nos eqüinos o
acesso da infecção se dá com maior freqüência em lesões nos cascos (pregos
etc.), cordão umbilical, aparelho genital etc. Nos bovinos pode-se instalar
através de feridas resultantes de colocação de argola no focinho; da amputação
dos chifres; da castração e de traumatismo no parto. Em ovinos e caprinos pode
ocorrer ao tosquiar, ao marcar, ao cortar a cauda, durante o parto ou na
castração.
Depois que
penetram no organismo, as bactérias e seus esporos elaboram duas potentes
toxinas ou venenos, que entram na corrente sangüínea e vão agir nos grandes
centros nervosos e também produzir espasmos tônico-clônicos.
A Contaminação de feridas com
esporos leva ao desenvolvimento e multiplicação local de bacilos. Eles não são
invasivos e não invadem outros órgãos, permanecendo junto à ferida. Aí formam
as suas toxinas, que são responsáveis pela doença e por todos os sintomas.
O período de incubação pode
variar de 3 a 21 dias (sendo o mais comum 8 dias).[4] Em
casos de recém-nascidos, o período de incubação é de 4 a 14 dias, sendo 7 o
mais comum. Na maioria dos casos, quanto mais afastada do sistema nervoso
estiver a ferida, mais longo é o período de incubação. O período de incubação e
a probabilidade de morte são
inversamente proporcionais.
O tétano
caracteriza-se pelos gases que fedem muito. Eles podem ser provocados pelos
mais pequenos impulsos nervosos, como barulhos, luzes e encostar no paciente ou
podem surgir espontaneamente. Duram de dois a cinco dias. Os sintomas de tétano
são:
·
Trismus (dificuldade de abrir
a boca);
·
Rigidez do pescoço e costas;
·
Dificuldade de deglutição;
·
Contração de músculos dos
braços e pernas;
·
Opstotóno, (espasmo tetânico
em que se recurvam para trás a cabeça e os calcanhares, arqueando-se para
diante o resto do corpo);
·
Insuficiência respiratória.
O paciente
permanece lúcido e sem febre. A rigidez e
espasmos dos músculos estendem-se de cima para baixo no corpo. Sinais típicos
do período toxêmico incluem uma elevação da temperatura corporal de entre 2 a
4 °C, sudorese (suor
excessivo), aumento da tensão arterial, taquicardia (batida rápida do coração).
Os espasmos podem durar semanas e a recuperação completa pode levar meses.
Complicações da
doença incluem espasmos da laringe (cordas
vocais), músculos secundários (aqueles do peito usados para respiração), e diafragma (o
músculo primário usado na respiração); fraturas de ossos longos
por causa de espasmos violentos; e hiperatividade do sistema nervoso autônomo.
Em
animais
Animais de fazenda
como equinos, bovinos, cabras e ovelhas são mais suscetíveis à doença que
humanos.
Há três formas
clínicas distintas de tétano: local (incomum), cefálico (raro), e generalizado
(o mais comum). O tratamento generalizado é aplicado em 80% dos casos. No caso
desses animais o período de incubação varia normalmente de uma a três semanas,
porém, às vezes, dura até quatro meses. É mais curto nos animais novos. Os
principais sintomas são
·
Dificuldade em abrir a boca;
·
Dificuldade de engolir;
·
Rigidez muscular,
principalmente no pescoço;
·
Grunhidos causados pelos
espasmos;
·
Protusão da membrana
nicititante;
·
Ventre recolhido;
·
Pescoço estendido para a
frente e a cabeça mais ou menos fixa;
·
Patas abertas e tesas,
lembrando um cavalete;
·
Narinas dilatadas;
·
Movimentos cada vez mais
lentos até a imobilização total;
·
Espasmos generalizados;
Tremores
musculares, quando o animal é excitado.
A morte ocorre em
cerca de 5 a 15 dias por falta de alimentação, desidratação, paralisia dos
órgãos internos ou por acidose. Algumas vezes,
no curso do tétano, pode haver desaparecimento temporário dos sintomas gerais (remissão), o que dá uma
falsa impressão de melhora do animal.
O diagnóstico é
essencialmente clínico (análise do histórico e sintomas durante a consulta).
Pode ser confirmado através de diagnóstico laboratorial coletando material do
ferimento ou do baço e pesquisando a neurotoxina ou fazendo uma cultura
anaeróbia com o material coletado.
Cerca de 30% dos
casos são fatais no Brasil e em Portugal, causados geralmente por asfixia
devido aos espasmos contínuos do diafragma. A maioria das mortes ocorre entre crianças
menores de 5 anos e idosos na área urbana. É mais comum em homens (62% dos
casos). Em países da África a mortalidade pode chegar a 60%.
Com a ampla
vacinação da população no Brasil as taxas médias de incidência no período de
1982 a 2003, com uma redução de entre 40-100% no número absoluto de casos
confirmados. Na região Sudeste o número caiu de 1,00 para 0,01 casos por 100
mil habitantes. A
vacinação de toda a população é importante pois 46,2% dos casos estavam
concentrados no grupo de 20 a 49 anos de idade, mas crianças e idosos tem um
risco de mortalidade mais do que duas vezes maior.
Ainda assim, em 2001 o Brasil
registrou um total de 578 casos e em 2011 foram 327.
A partir de 2007, a média foi de 340 casos confirmados ao ano.Entre
1996 e 2005 foram registrados 6.503 casos pela vigilância sanitário, sendo a
maior parte dos casos foi no Nordeste, Sudeste e Sul do país.
A Organização
Mundial de Saúde (OMS) informou que ocorreram 15.516 casos em todo o mundo de
tétano em 2005. O número estimado é de 290.000 mortes entre 2000 e 2003. A
maioria destes casos ocorreu entre recém-nascidos (tétano neonatal)
A ferida deve ser
limpa com antisséptico ou oxidante (como água oxigenada)
e é administrado antídoto, um anticorpo que
se liga à toxina e inibe a sua função. São também administrados fármacos relaxantes
musculares. A penicilina e o metronidazol eliminam as
bactérias, mas não têm efeito no agente tóxico que elas produzem. Os
depressores do sistema nervoso central Diazepam e DTP também
são dados, reduzindo a ansiedade e resposta espásmica aos estímulos. A
internação deve ser imediata em UTI de
alta complexidade, com isolamento, baixa estimulação sonora, luminosa e tátil
enquanto durarem os riscos de espasmos.
No caso
veterinário o tratamento é mais difícil e problemático. Pode-se usar vários
recursos como aplicação de soro antitetânico, em doses adequadas para o animal,
por via endovenosa e repeti-las quando necessário. Também
se usa penicilina ou outro antibiótico para eliminar as bactérias. Em casos de
ferimentos profundos é fundamental manter em acompanhamento veterinário para
limpar, drenar e debridar (retirada do tecido morto) da ferida. O animal deve
ser mantido em ambiente escuro, silencioso e isolado para evitar espasmos. Pode
ser feito uso de fármacos relaxantes musculares
Todos os
ferimentos sujos, fraturas expostas, mordidas de animais e queimaduras devem
ser bem limpos com substâncias oxidantes ou antissépticas (como álcool) e
tratados adequadamente para evitar a proliferação de bactérias nocivas no
organismo, não só de tétano. O ferimento deve ser coberto com uma gaze ou
algodão limpos para evitar re-contaminações.
O tétano pode ser
evitado:
·
Vacinando crianças e animais e
reforçando a vacina a cada 10 anos.
·
Usando soro anti-tetânico
antes das intervenções cirúrgicas ou depois de ferimentos que possam facilitar
a infecção;
·
Evitando o contato das feridas
profundas com terra ou qualquer sujeira;
·
Cuidando da assepsia do
instrumento cirúrgico e da antissepsia das feridas;
·
Desinfetar, tão cedo quanto
possível, feridas recentes dos equinos;
·
Eliminando os objetos
pontiagudos que possam causar ferimentos acidentais.
Quando alguém se
fere profundamente e não faz a higiene necessária,
os médicos solicitam a aplicação do soro
antitetânico, para que o tétano não se desenvolva. Esse cuidado
é muito importante, porque a toxina tetânica tem afinidade pelo sistema nervoso e pode levar a
pessoa a morte. O soro é uma preparação
com anticorpos já prontos para o uso na defesa do organismo.
Vacinação
A vacina é
especialmente importante para menores de 5 anos e maiores de 60, que são as
principais vítimas fatais da doença. É
recomendado que as grávidas tomem uma vacina de reforço, caso não tenham tomado
nos últimos 10 anos. A vacina
tetravalente tem
99% de eficácia e também ajuda a prevenir difteria, gripe tipo
B e coqueluche.
Segundo o
Calendário de Vacinação da Criança recomendado pela Sociedade Brasileira de
Pediatria - 2009 a vacina contra tétano deveria ser administrada em três doses
aos 2, 4 e 6 meses, respectivamente e dois reforços aos 15 meses e entre 4 - 6
anos.
O primeiro
registro de ocorrência de tétano é de autoria de Hipócrates, que escreve no
século V a.C., dando inúmeras descrições clínicas da doença. Contudo a sua
etiologia (causa) foi descoberta somente em 1884, por Carle e Rattone. A
primeira imunização passiva contra a doença foi implementada durante a Primeira
Guerra Mundial.
Durante muitos
anos o antídoto era feito por injeção de toxina em cavalos, e o seu soro rico
em anticorpos antitoxina era administrado aos doentes. Contudo este processo
gerava reações imunitárias contra os anticorpos do cavalo, um problema
denominado de doença do soro. Por essa razão, cada pessoa só podia receber
antídoto uma vez na vida, pois a reação do seu sistema imunitário contra o
anticorpo de cavalo era quase sempre fatal à segunda aplicação do soro.
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