07.95.14
Aníbal Moura é expulso da Polícia Civil
Com a decisão, o ex-chefe da Polícia Civil terá sua
aposentadoria cassada
O
ex-delegado Aníbal Moura, ex-chefe da Polícia Civil de Pernambuco, teve a
aposentadoria cassada após a conclusão do procedimento administrativo
disciplinar especial número 10.107.1020.00019, de 2010, instaurado pela
Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS). A posição, assinada
pelo secretário Alessandro Carvalho, foi publicada no Diário Oficial de
anteontem. De acordo com o documento, Aníbal é acusado de comandar a empresa
Korpus Segurança Privada – o que é vedado a policiais –, intimidar
ex-funcionários e induzir empregados de uma nova empresa, a Segnor Segurança
Privada, a contrair empréstimos particulares em instituições financeiras. A
decisão, conforme a assessoria de imprensa da SDS, ainda precisa ser ratificada
pelo setor jurídico do governo estadual.
O
caso havia sido publicado há quase dois meses pelo Jornal do Commercio, quando a investigação já estava finalizada,
restando apenas a homologação do secretário.
Segundo
o processo, Aníbal foi investigado por “valer-se do cargo para lograr proveito
pessoal em detrimento da dignidade da função policial, bem como praticar ato
que importe em escândalo ou que concorra para comprometer a dignidade da função
policial, e participar de gerência ou administração de empresas, qualquer que
seja a sua natureza”.
O
corregedor geral da SDS, Sidney Lemos, explicou que a sindicância seguiu o
trâmite necessário até ser finalizada. “Uma comissão permanente de processo de
disciplina foi designada. Apuramos as denúncias, ouvimos testemunhas, colhemos
provas documentais e asseguramos o direito à ampla defesa e ao contraditório e
só depois de tudo isso é que chegamos a uma posição. Fiz a análise, sugeri e
punibilidade e encaminhei ao secretário, que geralmente dá aval ao trabalho que
realizamos e desta vez não foi diferente”, explicou.
Fonte JC
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03.05.2003
Caso Serrambi
Maria Eduarda - Tarcila Gusmão
Duas adolescentes bonitas, de classe média,
desaparecem no dia 3 de maio. Seus corpos são encontrados num canavial, dez
dias depois, com marcas de tiros e em adiantado estado de putrefação. O
assassinato de Tarsila Gusmão e Maria Eduarda Dourado, ambas com 16 anos de
idade, ganhou dimensões de uma novela policial cujo roteiro inclui polêmicas,
famílias divididas, investigações incompletas e suspeitos liberados por falta
de provas. Oito meses depois, a dúvida permanece. Somente no início do
próximo ano, com a divulgação dos exames que estão sendo realizados em São
Paulo, um novo capítulo será escrito nesta história, que ficou conhecido como
o Caso Serrambi.
O começo do fim
Tarsila e Maria Eduarda viajaram para Serrambi, praia do litoral
Sul, no dia 2 de maio para passar o final de semana na casa de um amigo,
Tiago Alencar Carneiro da Silva. Na tarde de sábado, fizeram um passeio de
barco até o Pontal de Maracaípe. Na noite do dia 3, elas teriam sido vistas
entrando em uma Kombi, em Porto de Galinhas.
Caminho sem volta
A Polícia já trabalhava com a possibilidade de duplo
homicídio. Este termo está presente na nomeação do delegado do Grupo de
Operações Especiais (GOE), José Silvestre, para investigar o caso. O
documento foi assinado pelo chefe da Polícia Civil, Aníbal Moura, em 8 de
maio, mesmo dia em que comunicava oficialmente à Imprensa que as duas
adolescentes estavam desaparecidas.
DIA D
Os corpos foram localizados pelo pai de Tarsila, José Vieira,
na tarde do dia 13 de maio. Maria Eduarda foi morta com dois tiros na cabeça.
Já Tarsila levou cinco tiros, sendo dois na cabeça, dois no abdômen e um na
mão, um sinal de que ainda tentou reagir. Estavam em uma estrada vicinal na
subida de um canavial, a cem metros do quilômetro 1,5 da rodovia PE-051, em
Camela. O local era o mesmo já informado ao Disque-Denúncia no dia 13.
KOMBEIROS na mira
Em 18 de maio, Valfrido Lira foi detido em casa, no distrito de Camela.
Um dia depois, seu irmão, Marcelo Lira, foi preso em Cachoeirinha, no
Agreste, onde teria levado a Kombi na qual as vítimas teriam supostado
embarcado no dia 3 de maio. Os dois suspeitos permaneceram na sede do GOE por
60 dias, sendo liberados por conta da ausência de provas.
Polícia na parede
O inquérito presidido pelo delegado José Silvestre foi
concluído no dia 16 de junho, data em que os kombeiros foram apresentados
como os responsáveis pelo homicídio. O documento foi devolvido pelo promotor
de Ipojuca, Miguel Sales, com a informação de que era inconsistente e que
necessitava de novas diligências. Fios de cabelo, papéis de bombons e
aparelhos de barbear encontrados na Kombi dos acusados e no local do crime
foram considerados apenas indícios. A juíza de Ipojuca, Ildete Veríssimo,
acatou a posição do promotor Miguel Sales.
Operação pente-fino
A pedido da família de Maria Eduarda, o gaúcho Domingos Tochetto
(especialista em balística), o paraibano Genival França (legista) e o baiano
Luís Carlos Galvão (antropólogo forense) estiveram em Pernambuco, no final de
novembro. Os corpos foram exumados no cemitério de Santo Amaro e no canavial
em Camela foram encontrados um projétil de calibre 38 e uma cápsula de
pistola ponto 40. As armas ainda devem ser periciadas.
Festa do barulho
A festa realizada na casa de Tiago Carneiro, em Serrambi, onde
as jovens estavam hospedadas, também foi alvo de um inquérito. Oito pessoas
depuseram sobre possível uso de drogas e bebidas para menores. O anfitrião
acabou sendo indiciado.
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Quinta-feira, 26 de agosto de 2010
Acusações mútuas às vésperas do júri
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A cinco dias do início do julgamento mais esperado da década, o silêncio
foi quebrado. E a briga reacendida. Dois dos principais personagens do Caso
Serrambi, o ex-chefe da Polícia Civil de Pernambuco, o delegado Aníbal Moura, e
o promotor afastado do caso, Miguel Sales, voltam a trocar farpas. Passados
cinco anos de silêncio sobre o episódio que chamou a atenção da opinião pública
por envolver o assassinato misterioso de duas adolescentes de classe média
alta, Moura decidiu falar com exclusividade ao Diario de Pernambuco. E não
poupou o desafeto: \"Sales montou o circo desde o começo no sentido de
perturbar o trabalho da polícia\", disparou.
Procurado pelo Diario na manhã de ontem, o delegado disse, a princípio,
que só iria falar após a conclusão do julgamento, que começa na próxima
segunda-feira e deve terminar na quarta, mas acabou desabafando: \"Ele não
honrou com a causa social que abraçou. Foi irresponsável em alardear para a
imprensa factoides, inverdades, tentando desviar a investigação. Tudo com o objetivo
de se promover politicamente\", disparou Moura, que acusou o promotor de
sempre defender os irmãos kombeiros, Marcelo e Valfrido Lira, que vão a júri
popular, para galgar a candidatura para deputado federal. Nem Sales nem Moura
foram convocados como testemunhas no julgamento.
Os desentendimentos entre os dois começaram quando o promotor devolveu pela primeira
vez o inquérito sobre o caso concluído pela equipe do Grupo de Operações
Especiais (GOE), da Polícia Civil, em junho de 2003. Além de alegar falta de
provas, Sales solicitou 12 diligências complementares, pondo em xeque o
trabalho dos policiais. As divergências ganharam uma proporção tamanha que após
duas investigações levadas à frente pela Polícia Civil, a Polícia Federal
também foi chamada para apurar o Caso Serrambi em dois inquéritos consecutivos.
Em meio à guerra, o promotor devolveu o inquérito quatro vezes. \"O caso
poderia ter sido refeito oito ou 20 vezes que o resultado seria o mesmo. Os
kombeiros são os responsáveis pela morte das duas jovens. Uma coisa é certa. Ou
todos estão doidos varidos ou estão agindo absolutamente de má- fé\",
disparou Moura.
Aníbal Moura garante que existem provas contundentes dentro do processo
contra os kombeiros e que serão reveladas durante o júri. \"Tenho certeza
que a Justiça será feita e que o júri vai condenar os kombeiros\". Quanto
às informações que surgiram à época e que se espalharam na internet até hoje
sobre uma festa em Serrambi regada a drogas que teria tido a participação das
duas adolescentes e onde uma delas teria morrido por overdose e a outra por
queima de arquivo, Moura acusou o promotor de mentiroso. \"Isso foi uma
palhaçada criada pelo promotor. O que aconteceu foi um churrasco um dia antes
das meninas desaparecerem\", acusou.
No mesmo tom usado no passado, Miguel Sales, que hoje está afastado do
Ministério Público de Pernambuco por aposentadoria voluntária e é candidato a
deputado federal, disse que o inquérito tem falhas, lacunas e omissões.
\"Se houve manipulação, foi por parte das polícias, da investigação. Do
jeito que o trabalho foi feito, fica difícil saber a autoria do crime\",
insistiu. Sales disse, ainda, que a \"verdade está nos autos e que de
forma alguma incrimina os kombeiros ou qualquer outra pessoa. Isso não é dito
por mim, mas pelas perícias. Continuo com a mesma certeza. Não há provas
suficientes para acusar ou condenar os culpados\", respondeu.
Independentemente do resultado do julgamento, os kombeiros condenados ou
absolvidos, a população vai continuar com dúvidas sobre a autoria do crime.
\"Se eles forem absolvidos, quem é ou são os verdadeiros autores dos
homicídios? Isso nunca será descoberto. E se condenados, entendo que eles foram
usados como verdadeiros bodes expiatórios, já que todo o inquérito não traz
provas contundentes contra os kombeiros.Os verdadeiros autores não foram
encontrados\", rebateu Miguel Sales.
As amigas Tarsila Gusmão e Maria Eduarda desapareceram no dia 3 de maio de
2003, depois de um passeio de lancha em Maracaípe. Os corpos foram encontrados
num canavial, dez dias depois, com marcas de tiros e estavam em adiantado
estado de decomposição.
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