12.07.15
Redução da
maioridade abre precedente para reinterpretação do ECA, diz advogado
Mudança, segundo coordenador do
Movimento Nacional de Direitos Humanos em São Paulo, abre precedente para
reinterpretação do ECA
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O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completa 25 anos, nesta
segunda-feira (13), no centro do debate sobre a redução da maioridade penal de
18 para 16 anos. A mudança, de acordo com o coordenador do Movimento Nacional
de Direitos Humanos em São Paulo, o advogado Ariel de Castro Alves, abre
precedente para uma reinterpretação do ECA. Para ele, reduzir a maioridade
penal seria como "revogar" o ECA em relação à proteção de
adolescentes entre 16 e 17 anos.
"Vejo que seria um duro golpe contra o ECA. Pode provocar uma
fragilização, porque a interpretação que pode ocorrer é que aqueles entre 16 e
17 anos, por terem a maioridade penal, não seriam mais sujeitos à proteção
especial. Por exemplo, como considerar vulnerável diante da exploração sexual
uma adolescente de 16 ou 17 anos que já pode responder até criminalmente por
seus atos?”, indaga ele que também é assessor jurídico da organização não
governamental Aldeias Infantis SOS.
Ele abre discussão ainda acerca da proteção do adolescente em relação ao
consumo de bebidas alcoólicas. “Como impedi-lo de consumir bebidas alcoólicas,
como punir quem fornece bebidas para aquele com idade entre 16 e 17 anos se ele
é considerado imputável?”
Para outros especialistas ouvidos pela Agência Brasil, as discussões
sobre a redução da maioridade penal, no entanto, poderiam ser evitadas se o
ECA, sancionado no dia 13 de julho de 1990, fosse cumprido em sua totalidade.
“Temos uma série de princípios que não se aplicam, por exemplo, os programas
socioeducativos. Há 25 anos que está faltando competência técnica e gente
especializada nesse assunto. Então, não é para mudar a lei, mas a realidade”,
avaliou o procurador federal aposentado Edson Sêda, um dos redatores do texto
do ECA aprovado pelo Congresso em julho de 1990.
De acordo com a ex-deputada Rita Camata (PSDB-ES), que foi relatora do
ECA na Câmara dos Deputados, reduzir a maioridade penal é “acender um barril de
pólvora”. De acordo com ela, o estatuto prevê punição para o adolescente
infrator a partir dos 12 anos de idade. “Há uma grande confusão por parte dos
que defendem a redução. Eles acham que o estatuto que impede [a punição dos
adolescentes]. Mas o estatuto prevê que o adolescente seja responsabilizado a
partir dos 12 anos.”
Para o presidente nacional da Comissão de Direitos Humanos do Conselho
Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Everaldo Patriota, nas últimas
duas décadas e meia, o Brasil criou uma “equação terrível” na política de
prevenção e de ressocialização dos jovens. “Nós não cumprimos o ECA e agora estamos
tratando dos efeitos e esquecendo a causa”, destacou. “A sociedade toda está
tomada por uma paranoia de insegurança coletiva, mas o que foi que fizemos com
nossas crianças e adolescentes? Não cuidamos delas e agora vamos
criminalizá-las?”, indagou.
Impunidade
Para Edson Sêda, a sensação de impunidade para o adolescente infrator
decorre da falha de prefeituras e de governos estaduais e federal na execução
das medidas de privação de liberdade e de liberdade assistida. “A lei manda
controlar, mas não controlam. Manda fiscalizar a liberdade assistida, mas não
se fiscalizam. O menino que deveria estar em liberdade assistida anda com uma
faca, comete um crime, mas a culpa não é do estatuto, mas sim de quem não
observou as regras.”
Um dos redatores do ECA, Sêda lembrou que o estatuto prevê
acompanhamento e punição ao jovem infrator não apenas até os 18 anos, mas aos
21 anos. “A lei não manda soltar o menino aos 18 anos nem apenas depois de três
anos de internação. Ela fala que a liberdade compulsória ocorre aos 21 anos e
que a liberdade assistida também deve ocorrer até os 21.”
Na avaliação do Instituto Alana, entidade que atua em prol da infância,
o combate à violência não pode se restringir ao debate sobre a redução da
maioridade penal. “Menos de 1% dos adolescentes são responsáveis por crimes
contra vida no Brasil”, argumentou Pedro Hartung, advogado da instituição. “A
violência é um problema estrutural e social. Isso tem a ver com acesso às
políticas públicas mais básicas”, acrescentou.
Responsabilização
Para o promotor de Justiça, Infância e Juventude do Distrito Federal
Anderson Pereira de Andrade, que há 30 anos atua na área da criança e do
adolescente, é necessário aumentar o tempo de internação, previsto no ECA, para
o jovem infrator. De acordo com o promotor, o estatuto deveria tratar da
promoção e proteção dos direitos e uma outra legislação abordaria questões
relacionadas à responsabilização.
“Acho que isso ajudaria muito e sinalizaria para a sociedade e para o
próprio adolescente que essa responsabilidade agora é penal. Ao mesmo tempo que
endureceria a pena naqueles delitos mais graves, garantiria mais direitos ao
adolescente, direitos processuais, que hoje o estatuto não garante”, destaca
Andrade.
O promotor explica que, se o adolescente cometesse um homicídio, por
exemplo, ele estaria sujeito a uma pena mais dura, mas por tempo menor, com
conteúdo mais reeducativo e em uma instituição diferenciada em relação ao
adulto.
Fonte G1
eu duvido que esses advogados que defendem esses bandidos mirins queiram adotar um deles, tenho certeza que querem ficar bem longe deles e tambem morrem de medo deles
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