Como ficará o PT após as prévias no Recife? A questão foi colocada pelo senador Armando Monteiro (PTB) nesta quarta-feira (4), durante entrevista ao programa de Geraldo Freire, na Rádio Jornal.
Ao ser indagado sobre um eventual apoio do PTB a Maurício Rands ou João da Costa, que disputam no PT a indicação para concorrer à Prefeitura do Recife, o senador aproveitou para explicar a formação do grupo de partidos que defendem uma candidatura alternativa da Frente Popular.
“E a questão é esta: o PT vai sair unido desse processo? Qual é o custo político no final disso tudo? Como estarão algumas lideranças importantes do PT que ainda não se manifestaram, como o ex-prefeito João Paulo, por exemplo? Então, Geraldo, a ideia fundamental que justificou esse nosso movimento é que nós não podemos ficar a reboque dessas questões e dessas contradições do PT”, ressaltou.
Durante a entrevista, concedida para fazer uma avaliação do pacote de medidas de incentivos à indústria, lançado nesta terça-feira (3) pela presidente Dilma Rousseff, Armando Monteiro negou que esteja cogitando se lançar candidato a prefeito.
Veja a entrevista abaixo:
Senador, ontem, no calor da saída do novo pacote para favorecer as indústrias, o Sr. entrou em um debate relativamente acalorado pela Globo News, com um empresário. Depois que o calor passou, vendo o pacote direito, quem tem mais razão: o Sr. ou ele?
ARMANDO MONTEIRO - É difícil dizer quem tem mais razão. Mas o que me parece importante, Geraldo, é dizer o seguinte: nós todos reconhecemos que o Brasil ainda precisa fazer muito, promover as tais reformas que, há muito tempo, setores da sociedade reclamam, a reforma tributária, uma nova geração de reforma na previdência... Mas enquanto essas grandes reformas não acontecem, e o Brasil espera por elas há décadas, a questão é a seguinte: o que é possível fazer em curto prazo e médio prazo para evitar esse quadro que é produzido no Brasil, uma desindustrialização, ou seja, uma perda de posição da indústria no conjunto da economia brasileira?
Eu acho que o governo oferece um conjunto de medidas que estão na direção correta. Medidas que desoneram a indústria, ou seja, reduzem os custos da indústria, ampliam o apoio financeiro e aliam o financiamento tanto às exportações quanto a alguns investimentos no Brasil. Também oferecem uma margem de preferência para compras de produtos nacionais em condições diferenciadas em relação ao produto importado. Ainda oferece medidas de defesa comercial, ou seja, evitando que produtos de má qualidade entrem no Brasil em prejuízo da produção nacional. Portanto, o Governo procura fazer a sua parte, no sentido de oferecer medidas concretas a curto prazo. É evidente que essas medidas não são suficientes inteiramente. É preciso avançar mais. Mas o que eu quis traduzir ontem no debate é aquela nossa compreensão de que não adianta ficar à distância, apontando rumos e dizendo o que é que o Brasil deve que fazer. A pergunta é: por que o Brasil não promove essas reformas mais amplas? Porque, no meu entendimento, não tem havido um engajamento da sociedade que possa fazer com que o sistema político brasileiro reaja de forma mais efetiva. Então, o que eu quero deixar claro é que nós todos defendemos essas reformas, mas é preciso uma maior mobilização do conjunto da sociedade para que elas aconteçam.
Ontem nós tivemos aqui um debate, uma entrevista com o prefeito João da Costa e nos intervalos as pessoas falavam nas candidaturas. Falou-se também na situação do PTB. Alguém chegou a dizer aqui, me parece que no intervalo, que o candidato do PTB a prefeito do Recife, do senador Armando Monteiro, é ele mesmo. Eu nunca lhe perguntei isso. Se o cavalo tiver selado pro Sr. ser candidato a prefeito do Recife, o Sr. quer?
ARMANDO Monteiro - Olha Geraldo, não cogitei disso. Apenas fizemos esse movimento, e temos feito, no sentido de poder oferecer alternativas à própria Frente. Não coloquei nunca o nosso nome. Não cogitamos disso, tá certo? O processo da sucessão no Recife, a meu ver, exige que a Frente Popular ofereça alternativas. Veja que esse processo do PT está sendo traumático, de disputa interna. A pergunta é: como é que, ao final, sairá o PT deste processo? Ele vai conseguir unir efetivamente todos os setores do partido em torno de um nome? Ou, como acontece em muitos casos, ao final dessas prévias, o partido estará rachado? Então, nós sempre defendemos a ideia de que devemos oferecer uma alternativa à própria frente. Isso, inclusive, você sabe que em alguns momentos, outros nomes de outros partidos da Frente Popular foram colocados no processo. Lembre que em novembro, por exemplo, o próprio ministro Fernando Bezerra foi lembrado, seu nome foi colocado. Portanto, essa pra nós é uma discussão que eu ainda considero válida. Não podemos ficar apenas na dependência de uma candidatura que poderá, ao final, não aglutinar, não reunir, não unir a própria Frente. Mas o nosso nome não foi colocado e eu, efetivamente, nunca coloquei esse projeto.
Agora, para os nomes que estão postos aí, João da Costa e Maurício Rands, o PTB está fora?
ARMANDO Monteiro - Veja, o PTB não pode fazer uma escolha por um nome do PT, a priori, antes que o próprio PT resolva essa questão. E a questão é esta: o PT vai sair unido deste processo? Qual é o custo político no final disso tudo? Como estarão algumas lideranças importantes do PT que ainda não se manifestaram, como o ex-prefeito João Paulo, por exemplo? Então, Geraldo, a ideia fundamental que justificou esse nosso movimento é que nós não podemos ficar a reboque dessas questões e dessas contradições do PT. O prefeito João da Costa não conseguiu, efetivamente, aglutinar nem fora do seu partido nem no próprio partido. Tanto é verdade que está havendo essa disputa. Nós vamos acompanhar este processo. Vamos aguardar. E esse grupo de partidos com os quais nós temos dialogado, sustentado essa posição, está também discutindo uma agenda para o Recife, um conjunto de propostas para que esse processo possa resultar numa contribuição ao debate dos temas e das questões que interessam ao Recife.
Assessoria do Senador
Fonte: Blog Opinião
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