CUIDADO COM AS PESQUISAS ELEITORAIS
Osman Neves de Albuquerque (*)
As pesquisas eleitorais têm por
finalidade investigar a realidade e informar os eleitores acerca da intenção de
votos, orientando-os em suas decisões.
Diferentemente do que imaginam muitas
pessoas, não é necessário um grande número de entrevistas para que tenhamos um
perfil com um grau de certeza razoável. A pesquisa deve trabalhar com amostras
onde todos os grupos sociais e áreas geopolíticas estejam representadas, caso
contrário ocasionará um erro sistemático que distorcerá os resultados.
Os dois métodos mais usados para a
pesquisa são a pesquisa quantitativa e a qualitativa. A primeira busca o máximo
de informações, mas sem muito aprofundamento. A segunda faz uma profunda busca
das motivações que levam a pessoa a tomar a decisão de votar em determinado
candidato.
Acontece que sob a cobertura de um
trabalho científico muitas pesquisas, feitas de forma tendenciosa e sem nenhum
rigor técnico, têm sido usadas para confundir o eleitorado, visando à
manipulação de votos.
Se você não quiser ser enganado pelas
pesquisas eleitorais nas próximas eleições, é recomendável tomar os seguintes
cuidados básicos:
1. CONFIRA A AMOSTRAGEM DA PESQUISA.
No caso de eleições municipais, a
amostra eleitoral deve ser feita de forma que todos os grupos sociais dos diversos
bairros da cidade estejam representados.
2. CONFIRA OS DIAS EM QUE AS ENTREVIS-TAS FORAM FEITAS.
Dependendo da urgência com que foi
encomendada a pesquisa, entre a coleta dos dados e a sua divulgação pode
transcorrer de um a dez dias. Dependendo do que acontecer neste período – a
veiculação de uma denúncia contundente, por exemplo – o resultado pode estar
desatualizado quando publicado, devendo ser relativizado.
3. EXAMINE O TEOR DAS PERGUNTAS APLICADAS AOS ENTREVISTADOS.
Além do risco de perguntas
enviezadas, as respostas de intenção de voto espontâneas serão muito diferentes
– e, portanto, incomparáveis – das respostas estimuladas por listas de
candidatos. Portanto, atente para as perguntas ambíguas ou mal formuladas.
4. INVESTIGUE QUEM FEZ A PESQUISA E QUEM A ENCOMENDOU.
Tanto a qualidade técnica de um
levantamento como o compromisso com a verdade dos profissionais nele envolvidos
precisam ser comprovados, haja vista que qualquer pessoa ou grupo tem o direito
de fazer e divulgar pesquisas eleitorais. Além disso, é bom conferir quais são
os vínculos de interesse entre quem fez e quem pediu a pesquisa e qual dos dois
a está divulgando. Uma pesquisa eleitoral encomendada por um candidato só será
divulgada se for do seu interesse, merecendo por isto ser lida com dupla
precaução.
5. APRENDA A LER OS DADOS E TIRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES.
Esta é a única forma de não ser
induzido a acreditar em informações distorcidas e evitar comprar gato por
lebre.
A melhor maneira de controlar o mau
uso das prévias eleitorais não é proibindo a divulgação, mas garantindo a sua
multiplicidade. A proibição apenas agravaria o desnível de informação entre os
eleitores e os candidatos, que seguiriam encomendando seus próprios
levanta-mentos. Cabe ao eleitor esclarecido comparar estas pesquisas e tirar
suas próprias conclusões.
(*) Osman Neves de Albuquerque é
autor dos livros Um Ensaio sobre Espiritismo e Política (1998), O Poder do Voto
e da Participação (2000) e Uma Lição de Ética numa Campanha Política (2002),
além de vários artigos sócio-políticos.
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