09.06.15
Laerte Bessa (PR-DF) sugere ainda um referendo em
2016 sobre o tema.
Texto será lido nesta quarta em comissão; Cunha
quer votá-lo neste mês.
O relator da comissão especial da maioridade penal,
deputado Laerte Bessa (PR-DF), entregou nesta terça-feira (9) um parecer em que
defende a redução da idade penal de 18 anos para 16 anos. O relatório deverá
ser lido na comissão nesta quarta (10) e poderá ser votado pelos parlamentares.
O texto votado na comissão como forma de Proposta de Emenda à Constituição
precisa passar também pelos plenários da Câmara e do Senado.
Bessa propõe também a realização de um referendo
popular junto com as próximas eleições, em 2016, para que a população dê seu
aval sobre eventual mudança feita pelo Congresso em relação à maioridade.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), já
anunciou que pretende levar o tema para ser votado pelo plenário até o fim de
junho.
No relatório, Bessa argumenta que a diminuição para
16 anos é necessária diante dos altos índices de cooptação de adolescentes para
a prática de atos ilícitos. Ele propõe que a redução seja válida para todos os
tipos de crime, sem exceção.
Pela proposta do deputado, o adolescente infrator
de 16 ou 17 anos deverá cumprir punição, de caráter “educacional” e
“ressocializante”, em local separado dos adultos.
No documento, Bessa afirma ter "plena
convicção" de que a redução da maioridade penal não fere qualquer direito
fundamental das crianças e adolescentes. Para ele, a medida garante a sua
“harmonização" desses direitos "com os direitos coletivos da
segurança e da paz social”.
Ele reconhece que a redução da idade penal não
resolverá o problema da violência urbana, cuja solução, diz, “passa,
principalmente, pela ampliação e efetividade dos programas sociais
educacionais, culturais e de pleno emprego”.
No entanto, reitera que a Câmara não pode ficar
“inerte” ao clamor da sociedade, que exige a “justa punição dos adolescentes
que praticam crimes graves e restam impunes, segundo as normas atualmente em
vigor”.
Na avaliação dele, as estatísticas governamentais
sobre a questão da criminalidade juvenil no Brasil são “extremamente
deficientes”, mas os estudos disponíveis apontam que a criminalidade juvenil
não é “insignificante”.
Como base, ele cita dados apresentados em audiência
pública na comissão pela presidente da Fundação Casa de São Paulo (ex-Febem),
Berenice Maria Gianella, que mostram que o número de adolescentes apreendidos
no estado em 2013 representou uma média de 13% do total de adultos presos.
Alternativa
do governo
Também nesta terça, o ministro da Justiça, José
Eduardo Cardozo, disse que o governo quer investir em diálogo para chegar a um
projeto alternativo à redução da maioridade penal.
Segundo Cardozo, o governo pode, por exemplo,
apoiar projeto apresentado pelo senador José Serra (PSDB-SP), que aumenta o
limite de internação de um jovem infrator de três para dez anos.
o vice-presidente da República Michel Temer,
responsável pela articulação política do governo, se reuniu no Palácio do
Planalto com líderes da base aliada na Câmara dos Deputados e Cardozo para
discutir o tema.
Após o encontro, ele afirmou que o governo vai
“colaborar” com o Congresso, mas ressaltou que o assunto é “exclusivo” do
Legislativo. Na avaliação do vice-presidente, “toda a sociedade” deve se
envolver na discussão sobre a redução da maioridade penal.
“Eu quero registrar, como tenho dito ao longo do
tempo, que esta é uma matéria exclusiva do Congresso Nacional. O Congresso é
quem decide. [...] Acho que é um tema envolve toda a sociedade brasileira, é
preciso haja uma solução e o governo colabora nessa medida, colabora com o
Congresso Nacional”, disse o vice-presidente.
Presente na reunião com Temer, o líder do governo
na Câmara, deputado José Guimarães, defendeu “cautela” nas discussões sobre a
redução da maioridade penal e disse que o tema “não é questão de oposição e
governo.”
“Esta é uma questão do país. Não é questão de
oposição e governo. Muito pelo contrário, é uma questão do país. Temos de ter
cautela na condução política em busca de uma resposta para a sociedade”, disse
o deputado.
Fonte G1
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