17.01.16
PEDRO RECEBEU PROPINA DO MENSALÃO QUANDO ESTAVA SENDO JULGADO NO MENSALÃO
Pedro Correia
Ao mandar prender ex-deputado, magistrado assinala que ele "é
recorrente em escândalos políticos criminais" e que sua filha, deputada
Aline Corrêa, também teria recebido propinas
O ex-deputado Pedro
Corrêa (PP-PE) recebeu propinas do esquema de corrupção na Petrobrás mesmo
quando estava sob julgamento no Supremo Tribunal Federal no processo do
mensalão. A informação consta do decreto de prisão de Corrêa na Operação A
Origem, 11.ª etapa da Lava Jato, deflagrada nesta sexta feira, 10, em seis
Estados e no Distrito Federal.
“As provas são no
sentido de que (Corrêa) estava envolvido no esquema criminoso que vitimou a
Petrobrás enquanto já respondia, como acusado, a Ação Penal 470, e que
persistiu recebendo vantagem indevida no período mesmo respondendo a processo
perante o Supremo Tribunal Federal, inclusive durante o julgamento em Plenário,
o que caracteriza, em princípio, acentuada conduta de desprezo não só à lei e à
coisa pública, mas igualmente à Justiça criminal e a nossa Suprema Corte”,
assinalou o juiz Sérgio Moro, que mandou prender Corrêa.
Para o magistrado,
“a prova do recebimento de propina mesmo durante o processamento da Ação Penal
470 reforça os indícios de profissionalismo e habitualidade na prática do
crime, recomendando, mais uma vez, a prisão para prevenir risco à ordem
pública”.
O juiz destaca que
Pedro Corrêa, atualmente cumprindo pena em regime semiaberto pela condenação no
processo do mensalão “é recorrente em escândalos políticos criminais e traiu
seu mandato parlamentar e a confiança que a sociedade brasileira nele depositou.”.
Em sua decisão,
datada de 1.º de abril, o juiz Moro assinala que Pedro Corrêa foi deputado
federal pelo Partido Progressista (PP), por várias legislaturas. Seu mandato
foi cassado pela Câmara dos Deputados em 15 de março de 2006 no âmbito do
mensalão. Ele cumpre pena em regime semiaberto. “Ainda assim, não perdeu seu
poder político, tendo inclusive logrado eleger sua filha Aline Corrêa para a
Câmara dos Deputados”, destaca o juiz.
Ao fundamentar a
ordem de prisão do ex-parlamentar, o juiz destaca que ele “usou seu mandato
para enriquecer ilicitamente em detrimento dos cofres públicos”. Ainda segundo
o juiz, o ex-deputado “utilizou sua posição no Partido Progressista para o
mesmo objetivo, logrou eleger sua filha (Aline Corrêa) que também teria recebido
propinas no mesmo esquema criminoso”.
“É inaceitável
qualquer possibilidade de que (Corrêa) volte a exercer qualquer cargo ou poder
político, ainda que por intermédio de terceiros, mais ainda se justificando a
preventiva para proteger a sociedade brasileira deste risco”, argumenta o
juiz.”A gravidade concreta da conduta de Pedro Corrêa é ainda mais especial,
pois as provas apontam que ele traiu seu mandato parlamentar e a confiança que
a sociedade brasileira nele depositou, ao concordar em utilizá-lo para
enriquecer ilicitamente.”
O juiz faz menção
aos depoimentos do doleiro Alberto Youssef que, em delação premiada, apontou a
filha do ex-parlamentar como beneficiária do esquema de propinas na Petrobrás.
“Segundo Alberto Youssef, também Aline Lemos Corrêa passou a receber propinas
oriundas do esquema criminoso da Petrobrás, em reprodução do que ocorreu com
seu pai.”
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