26.11.14
Ministro do STF suspende inquéritos e concede liberdade a todos os
presos da Lava-Jato
Decisão do Supremo beneficia Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto
Youssef; passaportes dos investigados devem ser apreendidos
Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras, preso pela Operação Lava-Jato da Polícia Federal
Ministro Teori Zavascki, STF
Teori Zavaski Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta segunda-feira, em
decisão liminar, a liberdade do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo
Roberto Costa, preso na Operação Lava-Jato, da Polícia Federal. Zavascki também suspendeu
todos os inquéritos relacionados à operação policial e às ações penais abertas
na Justiça Federal do Paraná contra os investigados, entre eles o doleiro
Alberto Youssef, pivô do megaesquema de lavagem de dinheiro.
Além de interromper
os inquéritos relacionados à operação Lava-Jato, a liminar ordena a
suspensão de todos os mandados de prisão já expedidos no curso das
investigações e determina a remessa imediata dos autos para o Supremo
Tribunal Federal.
Por volta das 15 horas, o juiz Sergio Moro expediu o alvará de soltura
de Paulo Roberto Costa e enviou ofício ao Supremo pedindo esclarecimentos
sobre o alcance da decisão “a fim de evitar erros de interpretação". Só
depois de nova manifestação do ministro Teori Zavascki é que os demais presos
na Lava-Jato devem ser colocados em liberdade.
Para a defesa de
Paulo Roberto Costa, que havia recorrido ao STF, o processo todo deveria
ter sido enviado de imediato à mais alta Corte do país por conta das suspeitas
de participação de parlamentares, que têm direito a foro privilegiado, no
esquema investigado pelas autoridades policiais. “Antes mesmo da realização das
buscas e apreensões, os autos já forneciam elementos concretos que apontavam
para o suposto envolvimento de membros do Congresso Nacional”, argumentaram os
advogados do ex-diretor da Petrobras no pedido analisado por Zavascki. Em sua
decisão, o ministro do Supremo afirma que o juiz Sergio Moro,
responsável pela Lava-Jato, não poderia ter decidido individualmente sobre o
desmembramento do processo sobre o esquema de lavagem de dinheiro e remetido a
Brasília unicamente os suspeitos com foro privilegiado. "É de se deferir a
liminar pleiteada, até para que esta Suprema Corte, tendo à sua disposição o
inteiro teor das investigações promovidas, possa, no exercício de sua
competência constitucional, decidir com maior segurança acerca do cabimento ou
não do seu desmembramento, bem como sobre a legitimidade ou não dos atos
até agora praticados", disse o magistrado.
Além de Costa e
Youssef, a liminar de Zavascki garante liberdade aos doleiros Nelma
Kodama, Raul Srour e Carlos Habib Chater. Também deverá ser beneficiado René
Luiz Pereira, um dos envolvidos no esquema que tinha sido preso por tráfico
internacional de drogas. Até o momento, 42 pessoas tinham sido denunciadas pelo
Ministério Público Federal por envolvimento com o esquema de lavagem de 10
bilhões de reais investigado pela Polícia Federal. No caso de Alberto Youssef,
por exemplo, a investigação aponta que, entre julho de 2011 e março de 2014, o
doleiro orquestrou 3.649 operações de evasão fraudulenta de dinheiro, no valor
de 444.659.188,75 dólares, por meio de contratos de câmbio fraudulentos para
pagamentos de importações fictícias utilizando empresas de fachada, entre
as quais o laboratório Labogen.
Deputados – No curso das investigações,
interceptações telefônicas atingiram os deputados federais André Vargas (PR) e Luiz Argôlo (SDD-BA). Ambos já
respondem a processo no Conselho de Ética da Câmara e podem perder os mandatos
pela estreita relação que mantinham com Youssef.
Mesmo com a
determinação de soltura de todos os presos, Zavascki fez uma ressalva:
para não atrapalhar as investigações, eles não podem se ausentar das cidades
onde residem e devem entregar seus passaportes no prazo de 24 horas. O
ministro ordenou, ainda, o envio por fax da decisão para as autoridades
encarregadas do caso – PF e Ministério Público –, para cumprimento imediato das
decisões
Fonte VEJA
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Rui Medeiros
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