26.01.15
Entenda o que está fazendo a conta de luz
subir
Hideletrica de Paulo Afonso BA/Rio São Francisco
Hideletrica de Itaipu - Rio Paraná
Alta pode chegar a 40% este ano, segundo
especialistas.
Pouca chuva e plano de redução em 2013 têm efeitos agora.
Depois de dar
uma trégua para o bolso dos consumidores em 2013, as contas de luz voltaram a
subir no ano passado – e esse movimento vai continuar este ano. Segundo
especialistas do setor, a alta pode chegar a 40%.
Em janeiro de
2013, a presidente Dilma Rousseff aprovou uma lei para baratear as contas de luz em
até 20%. Para conseguir essa redução, o governo baixou ou
extinguiu encargos sobre a tarifa – entre elas a Conta de Desenvolvimento
Energético (CDE) –, e renovou contratos de concessão de geração e transmissão
de energia pagando menos pelo serviço.
Mas a economia
dos consumidores não durou muito. “Traído” pela falta de chuvas desde o final
de 2013, o plano começou a, ironicamente, “fazer água”: em 2014, a alta média
nas contas foi de 17,3%, segundo o IBGE.
Com pouca água
nos reservatórios das hidrelétricas, as distribuidoras tiveram que recorrer às
usinas térmicas, que produzem energia mais cara. Para evitar a alta no ano
passado, o governo autorizou empréstimos bilionários às distribuidoras no ano
passado. É essa conta – entre outras – que chega este ano aos consumidores.
ENTENDA OS ITENS QUE FAZEM A CONTA SUBIR:
Ocorre uma vez
por ano e cada uma das 63 distribuidoras do país tem uma data específica
definida em contrato. Autorizado pela Aneel, o reajuste busca ajustar a receita
de cada concessionária, que inclui desde previsão de arrecadação de tributos
inseridos nas contas de luz até gastos com investimentos e compra de energia
para atender aos consumidores.
Em 2014, o
governo autorizou empréstimos de R$ 17,8 bilhões para cobrir gastos extras das
distribuidoras com compra de energia no mercado à vista, onde o preço flutua e
é mais caro. O dinheiro só durou até outubro, por isso um novo empréstimo, de
R$ 2,5 bilhões, está sendo negociado para fazer frente às despesas de novembro
e dezembro. Esses valores serão cobrados dos consumidores, a princípio, entre
2015 e 2017, com juros.
Se a operação
não tivesse sido feita, as distribuidoras bancariam a conta num primeiro
momento mas, depois, ela seria cobrada de uma vez dos consumidores, nos
reajustes de 2014 e 2015. Com essa medida, portanto, o governo evitou um
aumento ainda maior das contas de luz no ano passado, de eleições.
O governo
suspendeu um aporte de R$ 9 bilhões, previsto no Orçamento de 2015, para a CDE,
fundo que financia ações como o pagamento de indenizações a empresas do setor
elétrico, subsídio às contas de luz de famílias de baixa renda e o programa Luz
para Todos – e que teve sua arrecadação reduzida com o plano de 2013.
Com isso, todos
os gastos previstos para a CDE neste ano serão bancados pelos consumidores, via
conta de luz. O orçamento do fundo ainda está sendo calculado. No ano passado,
ele foi de R$ 18 bilhões.
Devido à
decisão do governo de não repassar mais recursos à CDE, a revisão
extraordinária das tarifas terá que ser feita neste início de ano. Ela é
necessária para que as distribuidoras possam começar imediatamente a arrecadar
os recursos nas contas de luz. Do contrário, elas teriam que financiar essa
conta, o que alegam não ter recursos para fazer, até serem ressarcidas no
reajuste anual.
Em média a cada
4 anos, as distribuidoras passam por uma revisão de suas tarifas, que tem o
objetivo de promover o equilíbrio econômico delas. Mas quando algum evento
afeta fortemente esse equilíbrio, essas concessionárias têm direito de pedir a
revisão extraordinária, ou seja, fora do prazo previsto.
Em vigor desde
1º de janeiro, esse sistema permite o repasse mensal aos consumidores de parte
do gasto extra das distribuidoras com o aumento do custo da eletricidade.
Antes, as distribuidoras eram obrigadas a bancar essa conta para serem
ressarcidas quando do reajuste, que ocorre uma vez por ano. Esse gasto aumenta
quando as distribuidoras são obrigadas, como ocorre atualmente, a comprar
energia das termelétricas, por conta do baixo nível dos reservatórios das
hidrelétricas.
O sistema
também prevê que os consumidores serão informados, na conta de luz, sobre a
bandeira em vigor. Se ela for verde, a tarifa não sofre nenhum acréscimo.
Amarela, o aumento é de R$ 1,50 para cada 100 KWh (quilowatt-hora) consumidos.
Vermelha, o consumidor paga R$ 3,00 para cada 100 KWh consumidos no mês.
O custo da
energia produzida pela hidrelétrica de Itaipu, a maior do país, aumentou 46%
neste ano. Essa alta impacta principalmente as distribuidoras do Sul e Sudeste
do país, que terão que pagar em 2015 R$ 4 bilhões pela eletricidade recebida da
usina e, consequentemente, vão repassar o valor aos seus consumidores.
Esse reajuste
serve para cobrir o prejuízo da Eletrobras na administração da Conta Itaipu,
causado por inadimplência de distribuidoras e pela necessidade da estatal de
comprar energia no mercado à vista, mais cara, para compensar eletricidade que
a hidrelétrica deixou de produzir.
Fonte G1 Brasilia
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