São Paulo tem sete
centenários com Carteira de Habilitação válida
Segundo dados revelados pelo Detran ao G1, cinco moram na capital.
Conheça a história da motorista mais idosa, e do dono da CNH mais antiga.
“Baliza, só com a Eliza”. Aos 103 anos, Eliza
Bertucho Carrara recorda orgulhosa o bordão criado por seus alunos à época em
que era dona de uma auto-escola na Lapa, Zona Oeste deSão Paulo. Com a ajuda de um caderno, ela detalha seus
macetes, sem modéstia. “É muito simples. Nunca errei uma baliza. É roda com
roda, uma viradinha”, prossegue. A ex-instrutora é uma dos sete centenários que
têm autorização para dirigir na cidade, segundo dados revelados pelo
Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran)
Desses, cinco
residem na capital. Eliza vive há 20 anos em Osasco, na Grande São Paulo. Além
de listar o diminuto índice, lidera o ranking por idade. É a cidadã mais idosa
a circular motorizada. Sua CNH exige, apenas, que ela use lentes corretivas e
aparelho auditivo.
O titulo de
habilitação mais antiga, porém, pertence a outro centenário. Agenor Silva Lima,
de 100 anos, arrematou o documento em 1933, época em que pertencia ao exército
brasileiro. Em comum, além da idade avançada e da paixão por dirigir, ambos
ocupam o pódio do envelhecimento saudável. Lúcidos e com uma memória
surpreendente, os dois revelam o desejo de seguir à frente do volante até onde
a vida (e o Detran) permitir. “É a melhor coisa do mundo”, exclama Eliza.
Tia da perua
Eliza obteve sua primeira CNH aos 50 anos, quando acredita ter descoberto a verdadeira vocação. Antes disso, dava de ombros ao assunto. “Nem pensava em tirar carta. Meu marido dirigia, eu não ligava.” Natural de Espírito Santo do Pinhal, interior de São Paulo, ela se mudou para a capital após o casamento. Foi dona de casa na maior parte do tempo. Trabalhou como costureira do exército, mas ocupava sua rotina com cursos de línguas, artesanato e a criação dos três filhos.
Eliza obteve sua primeira CNH aos 50 anos, quando acredita ter descoberto a verdadeira vocação. Antes disso, dava de ombros ao assunto. “Nem pensava em tirar carta. Meu marido dirigia, eu não ligava.” Natural de Espírito Santo do Pinhal, interior de São Paulo, ela se mudou para a capital após o casamento. Foi dona de casa na maior parte do tempo. Trabalhou como costureira do exército, mas ocupava sua rotina com cursos de línguas, artesanato e a criação dos três filhos.
Depois que o
esposo faleceu, comprou em sociedade com um dos filhos a auto-escola Real.
Montaram o empreendimento em um sobrado na Zona Oeste da cidade, onde hoje
funciona um bar. Durante 25 anos ensinou a dirigir. Dava até aula de motor.
Além da auto-escola, acabou montando uma frota para fazer transporte escolar e
viagens pelo país. Teve quatro peruas Kombi, um ônibus e um microônibus. “Eu
adorava essa época. Nunca cansei. Trocava pneus numa rapidez. Dirigir pra mim é
um brinquedo, mas nunca tomei multa ou bati o carro”.
A Variant azul é o xodó de Eliza Carrara
Eliza trata os
dois carros que tem – uma Variant azul clara “semi-nova, com tudo
original", mas com mais de 40 anos de estrada, e um Ford Ka, ainda
adolescente, de 16 anos – com o mesmo cuidado que zela pela própria
aparência. As unhas estão sempre pintadas de vermelho, pois a cor significa
“uma mulher bem tratada”. Os cabelos branquinhos e finos devem ostentar outra
cor, algo próximo ao loiro. Usa cremes faciais para "aliviar as marcas da
idade", e limpa os automóveis semanalmente – às vezes, ela é quem lava os
veículos.
Durante a
semana, seu passeio preferido é ir ao supermercado, onde consegue estacionar
com segurança e tranquilidade. "Gosto de sair, dar um giro por ai. Graças
a Deus não sou biruta e lembro tudo que passei desde criança. E também não
tenho nenhum problema de saúde”, diz. Futuramente, pensa em comprar um carro
mais moderno. Acha bonito o "novo fusca", mas não sabe se conseguirá
se adptar a um veículo automático.
Agenor Lima guarda sua primeira CNH, tirada em 1933
Corpinho de 80
Agenor Silva Lima, de 100 anos, defende que sua vida está recomeçando. Depois que se tornou centenário, acredita que cronômetro foi zerado. “Em setembro faço um aninho”, diverte-se. Dono da CNH mais antiga do estado, de 1933, Lima nasceu em Pão de Açúcar, no Alagoas, mas fez a vida em São Paulo como policial civil. Gaba-se do título de ex-combatente da revolução de 1930, e coleciona fotos da época em que era conhecido como “exterminador de pistoleiros”. Quando questionado se já matou alguém durante os 35 anos de Departamento de Investigação sobre Crime Organizado (DEIC), ele se esquiva da resposta. “Ah, isso eu não sei.”
Agenor Silva Lima, de 100 anos, defende que sua vida está recomeçando. Depois que se tornou centenário, acredita que cronômetro foi zerado. “Em setembro faço um aninho”, diverte-se. Dono da CNH mais antiga do estado, de 1933, Lima nasceu em Pão de Açúcar, no Alagoas, mas fez a vida em São Paulo como policial civil. Gaba-se do título de ex-combatente da revolução de 1930, e coleciona fotos da época em que era conhecido como “exterminador de pistoleiros”. Quando questionado se já matou alguém durante os 35 anos de Departamento de Investigação sobre Crime Organizado (DEIC), ele se esquiva da resposta. “Ah, isso eu não sei.”
Lima revela que
sempre gostou de atirar e dirigir. De fala mansa e jeito simples, o centenário
usa o veículo que tem há 13 anos para fazer pequenos percursos: visitar a
filha, comprar mantimentos no supermercado e frequentar os encontros da
Associação da Polícia Civil, onde jogava sinuca. “Até os anos 90 eu dava umas
boas tacadas, hoje não jogo mais. Os [amigos] que jogavam lá [na Associação]
tudo já morreram de velhice. Quem sobrou fui eu”, brinca.
Para ele,
“dirigir é um prazer e uma necessidade.” Embora circule bem pela cidade,
acredita que não a conhece mais. “Hoje tem muito prédio e o trânsito está descontrolado.”
Morador do bairro do Ipiranga, Zona Sul, há 70 anos, ele criou estratégias para
escapar dos congestionamentos. “Tem cinco semáforos em 500 metros. Para sair e
entrar na garagem é muito difícil. Depois das 18 horas não consigo mais
estacionar.” Lima também foge de andar próximo a ciclistas, pois teme
acidentes. E diz que nunca se sentiu destratado por conta da idade. “Tem umas
bestas por aí, mas nunca fui desrespeitado. Acho que a mulher é mais
desrespeitada que o idoso no trânsito.”
Adepto às caminhadas,
ele segue uma rotina de atividades e alimentação regrada. Gosta de cozinhar,
diz que mantém sempre umas latinhas de cerveja na geladeira, e conta que faz
uma deliciosa moqueca de peixe. Soube se inserir no século 21. Embora avesso à
internet, tem uma rede com seu apelido. "Uibi", nome carinhoso criado
pela neta, garante wi-fi ao netos quando o visitam. Ele, porém, desconhece a
utilidade. “Eu nem sei o que é isso”.
Lima prefere a
boa e velha televisão e o jornal impresso. Calmo “como todo bom nordestino”, e
sem problemas de saúde, o centenário rechaça médicos e revela que sua idade é
sempre motivo de espanto entre desconhecidos. “Ninguém acredita que já tenho
100 anos. Sempre falam que tenho no máximo 80. A coisa aqui é broa forte.”
Agenor Lima usa seu Monza para visitar a filha, os netos e fazer compras
no supermercado
Renovação da CNH
Motoristas com idade inferior a 65 anos devem renovar a carteira de habilitação a cada cinco anos. Acima dessa idade, a renovação deve ocorrer de três em três anos, ou conforme determinação médica, como prevê o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). O processo é o mesmo para todo condutor, independentemente da idade. O Detran disponibiliza o passo a passo em seu site www.detran.sp.gov.br.
Motoristas com idade inferior a 65 anos devem renovar a carteira de habilitação a cada cinco anos. Acima dessa idade, a renovação deve ocorrer de três em três anos, ou conforme determinação médica, como prevê o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). O processo é o mesmo para todo condutor, independentemente da idade. O Detran disponibiliza o passo a passo em seu site www.detran.sp.gov.br.
Segundo o
Detran, os condutores habilitados antes de novembro de 1999, e que ainda não
renovaram a CNH, deverão fazer uma prova teórica para renovar o documento. O
teste aborda questões de direção defensiva e primeiros socorros – assuntos que
não eram exigidos antes de 1999. A prova é composta por 30 questões e será
aprovado o motorista que acertar pelo menos 21 questões, o equivalente a 70%.
O cidadão pode
estudar em casa e fazer a prova na Ciretran na qual a habilitação está
registrada, mediante agendamento prévio. A apostila, desenvolvida pelo
Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), está disponível para estudo no
portal do Detran.SP. O motorista pode fazer o download.
No portal, o
condutor pode fazer um "Simulado de Prova". Também é possível ver o
conteúdo e realizar a prova de renovação no Centro de Formação de Condutor
(CFC). Para as informações sobre a avaliação médica, o Detran pede que os
motoristas contatem diretamente um profissional de uma clínica credenciada. A
lista está disponível no site (http://migre.me/ehACA), mas pode ser consultada
através do Disque Detran e do Fale com o Detran, ou nas unidades de atendimento.
Fonte G1
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