05.12.13
MORRE AOS 95 ANOS O HOMEM QUE LUTOU PELA LIBERDADE NA AFRICA
Nobel da Paz em 1993, ex-presidente sul-africano, símbolo da luta contra
o "apartheid", não resistiu à infecção pulmonar recorrente que
enfrentava
Nelson Mandela faleceu nesta quinta-feira (5), na
cidade de Pretória, capital executiva da África do Sul. O ex-presidente
sul-africano, com 95 anos, vinha enfrentando uma infecção pulmonar
recorrente. Líder da luta contra o "apartheid" na África do Sul,
Mandela inspirou movimentos contra o racismo em todo o mundo. Recebeu o Prêmio
Nobel da Paz em 1993 e foi o primeiro presidente negro do país, de 1994 a 1999.
Era também carinhosamente chamado de Mandiba, nome do clã a que pertencia.
Líder iniciou movimento em favor de uma nova Constituição que concedesse direitos políticos e sociais à toda população, incluindo o direito de voto aos negros
Biografia
Mandela nasceu no dia 18 de julho de 1918, em um pequeno vilarejo, e era
membro de uma nobreza tribal. Seu nome original é Rolihlahla. Aos 7 anos, ele
se tornou o primeiro membro da família a frequentar a escola, onde lhe foi dado
o nome inglês Nelson.
Tornou-se estudante de direito na Universidade de Fort Hare, onde foi expulso
por envolvimento em ações de boicote às políticas universitárias, organizadas
pelo movimento estudantil. Nessa época, ele foi para Johanesburgo, onde
terminou sua graduação na Universidade da África do Sul.
Apartheid e prisão
Ainda como estudante de direito, Mandela começou a se envolver na
oposição ao regime do apartheid. Naquela época, havia uma rígida legislação
imposta pelos descendentes dos colonos holandeses, franceses e alemães, que
negava direitos políticos e sociais aos negros e mestiços e à expressiva
colônia de imigrantes indianos.
Em 1942, Mandela tornou-se membro do Congresso Nacional Africano (CNA),
organização do movimento negro fundada em 1912. Era favorável apenas à
organização de ações não violentas. Mudou de opinião após o massacre de
Sharpeville, em março de 1960, quando a polícia sul-africana atirou em
manifestantes negros, matando 69 pessoas e ferindo 180. Um ano após o episódio,
ele decide ir ao Marrocos e à Etiópia para treinamento paramilitar.
Em agosto de 1962, Mandela foi preso numa operação articulada entre a
polícia sul-africana e a CIA, sendo condenado a cinco anos de prisão por viajar
ilegalmente ao exterior e incentivar greves. Dois anos mais tarde, recebeu uma
nova sentença: julgado por sabotagem e conspiração com países estrangeiros, foi
condenado à prisão perpétua. A partir de então, teve início um movimento
internacional em torno do tema "Libertem Nelson Mandela".
Política
Mandela foi solto em 1990, quando o então presidente Frederik Willem de
Klerk anunciou as primeiras medidas para pôr fim ao sistema do apartheid. Ele
deixou a prisão aos 72 anos e, imediatamente, iniciou um movimento em favor de
uma nova Constituição, que concedesse direitos políticos e sociais a toda a
população, incluindo o direito de voto aos negros.
Devido aos avanços democráticos no país, De Klerk e Mandela receberam
conjuntamente o Prêmio Nobel da Paz em 1993. Um ano mais tarde, entrou em vigor
a nova Constituição provisória não-racial. Nas primeiras eleições multirraciais
da África do Sul, Mandela foi candidato pelo CNA, que havia sido transformado
em partido político, e foi eleito presidente no dia 27 de abril de 1994.
Exerceu seu mandato até 1999. Desde então, seu partido vem sendo
vitorioso e se mantém no poder. Em junho de 2004, aos 85 anos, Mandela anunciou
que se retiraria da vida pública, mas continuaria com suas atividades na luta
contra a Aids.
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