21.04.15
O alferes
Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, foi um dos principais articuladores
da Inconfidência Mineira
Joaquim José da Silva Xavier,
Desde 1965, aos 21 dias do mês de abril, celebra-se no Brasil o Dia
de Tiradentes e,
junto à pessoa deste, rememoram-se também os acontecimentos que configuraram a Inconfidência Mineira. Neste texto,
procuraremos explicitar os motivos pelos quais Tiradentes passou a ser
considerado um herói nacional e Patrono da Nação Brasileira.
Sabe-se
que “Tiradentes” era o apelido de Joaquim José da Silva Xavier,
um alferes (cargo militar da época colonial) que também exerceu a profissão de
dentista. Tiradentes participou ativamente de um dos principais movimentos de
contestação do poder que a coroa portuguesa exercia sobre o Brasil Colônia: a Inconfidência Mineira.
Sabemos que esse movimento articulou-se entre os anos de 1788 e 1789 e foi
permeado por ideias provindas do Iluminismo que se alastrou pela Europa, na
segunda metade do século XVIII.
Os
inconfidentes de Minas Gerais geralmente integravam, com exceção de poucos, a
elite cultural e social daquela região (como era o caso do poeta Tomás
Antônio Gonzaga) ou então ocupavam postos militares ou exerciam
profissões liberais, como era o caso do referido Tiradentes. O que dava unidade
ao grupo eram ideias como a de liberdade e igualdade (ideias essas que também
fomentaram a Revolução Francesa,
em 1789), além do anseio pela emancipação e independência com relação à Coroa
Portuguesa, à época governada pela rainha D. Maria, “A
louca”.
Visconde de Barbacena
Os
planos de insurgência contra o governo local em Minas, representado pelo Visconde
de Barbacena, foram articulados em 1788 e tiveram como estopim
a política de cobrança de impostos sobre a produção aurífera e sobre os
rendimentos que ganhava cada pessoa que compunha a população de Minas Gerais.
Esse último imposto era conhecido sob o nome de “derrama”. Apesar de terem uma
organização bem elaborada, os inconfidentes acabaram por ser delatados por Silvério
dos Reis, um devedor de tributos que, com a denúncia,
acreditava poder sanar suas dívidas com a coroa.
Joaquim Silvério dos Reis
Todos
os inconfidentes foram presos. Tiradentes foi apanhado no Rio de Janeiro. O
processo estabelecido contra eles e os subsequentes julgamentos e sentenças só
terminaram em 1792, no dia 18 de abril. Os principais líderes receberam a pena
do banimento, isto é, foram expulsos do país. Tiradentes, ao contrário, foi
enforcado no dia 21 de abril ao som de discursos que louvavam a rainha de
Portugal. Seu corpo foi esquartejado e sua cabeça exibida na praça principal da
cidade de Ouro Preto.
Evidentemente,
o dia da morte de Tiradentes por muito tempo foi compreendido como o dia em que
um rebelde foi morto, como típico exemplo de retaliação absolutista.
Entretanto, após a Independência do Brasil e, principalmente, após a
Proclamação da República (época em que o Brasil, já desvinculado de Portugal,
procurava construir sua identidade nacional), a imagem de Tiradentes começou a
ser recuperada e louvada como um dos heróis da nação ou como um dos que
primeiramente lutaram (até a morte) pela liberdade.
Um
exemplo dessa imagem foi a instalação, em 1867, do primeiro monumento a
Tiradentes na cidade de Ouro Preto. Outro exemplo, o mais notório, foi a
confecção, por parte do pintor Pedro Américo, do quadro “Tiradentes
Esquartejado” (ver imagem no topo do texto) em 1893, época em que a República,
recém-instituída, procurava os mártires e os patronos da “Nação Brasileira”. O
Tiradentes de Pedro Américo traduz a imagem idealizada do martírio, que se
aproxima do martírio de Cristo.
Essa
visão republicana de Tiradentes permaneceu (e, de certo modo, ainda permanece)
no imaginário popular dos brasileiros. Em 1965, durante a primeira fase do
regime militar no Brasil, o marechal Castelo Branco, então
presidente da República, contribuiu para o reforço dessa imagem de Tiradentes,
sancionando a Lei Nº 4. 897, de 9 de
dezembro, que instituía o dia 21 de abril como feriado nacional e Tiradentes
como, oficialmente, Patrono da Nação Brasileira.
0 comentários: