17.04.15
Quem é o juiz federal Sergio Moro?
O cara é uma fera na caçada a gangue
do PT e seus respectivos colaboradores.
Dono de estilo reservado e hábitos simples, o juiz da vara federal de
Curitiba entrou para a história do País ao levar executivos de empreiteiras
para a cadeia e se mostrar implacável no combate à corrupção na política.
Sempre que alguém o compara com Joaquim Barbosa, ex-presidente do
Supremo Tribunal Federal, Sérgio Moro desconversa. Ou melhor,
silencia. O juiz da 13ª vara federal criminal de Curitiba, que ganhou
notoriedade à frente das investigações da Operação Lava-Jato, não gosta
desse tipo de comparação nem de especulações sobre o seu futuro. Há
alguns anos, rejeitou sondagens para se tornar desembargador, o que para muitos
é degrau natural para galgar a última instância do
Judiciário. Moro afastou-se da oferta por desconfiar de
tentativa de cooptação por parte de um figurão da política nacional que temia
virar réu num inquérito que chegou à sua mesa. Não fosse isso, ele daria
outro jeito de recusar a oferta por acreditar que ainda há muito o que fazer na
primeira instância. Eleito por ISTOÉ o “Brasileiro do
Ano”, Moro não mostra sedução pelo poder da toga. De hábitos
simples, ele faz parte de uma rara safra de juízes que encararam a magistratura
como profissão de fé.
Não dá entrevista, nem posa para fotos.
Dispensa privilégios. Vai para o trabalho todos os dias a bordo de um
velho Fiat Idea 2005, prata, bastante sujo e repleto de livros jurídicos
empilhados no banco de trás. Antes, chegou a ir de bicicleta.
“Quando eu chego aos lugares, ninguém imagina que é o Sérgio Moro”, conta,
sorrindo. Apesar de ter se tornado o inimigo número 1 de poderosos,
prefere andar sem guarda-costas. Quem sempre reclama é a esposa, a
advogadaRosângela Wolff de Quadros Moro, procuradora jurídica da Federação
Nacional das Apaes, instituição dedicada à inclusão social de pessoas com
deficiência. A “sra. Moro” teme pela segurança do marido, e
dela mesma, afinal o magistrado se mostrou implacável com a corrupção ao
encurralar integrantes do governo do PT e levar, numa ação inédita, executivos
das maiores empreiteiras do País à cadeia.
> Nascido em Ponta Grossa há 42 anos, Moro é filho de Odete Starke
Moro comDalton Áureo Moro, professor de geografia da Universidade de
Estadual de Maringá– morto em 2005. Antes de ingressar na magistratura,
seguiu os passos do pai. Integrou o mesmo Departamento de Geografia
da UEM e também deu aula nos colégios Papa João
XIII e Dr. Gastão Vidigal. Obteve os títulos de mestre e doutor
em direito do Estado pela Universidade Federal do Paraná. Seu
orientador foi Marçal Justen Filho, um dos mais conceituados especialistas
em licitações e contratos. Cursou o Program of Instruction for
Lawyers na prestigiada Harvard Law Schoole participou de programas de
estudos sobre lavagem de dinheiro no International Visitors Program,
promovido pelo Departamento de Estado americano. Moro criou varas
especializadas em crimes financeiros na Justiça Federal e traz no currículo
outras operações de peso. Presidiu o inquérito da operação Farol da
Colina, que desmontou uma rede de 60 doleiros, entre eles Alberto
Youssef. A investigação fora um desdobramento do caso Banestado, que
apurou a evasão de US$ 30 bilhões de políticos por meio das chamadas contas
CC5.
Ciente de que os mecanismos de lavagem de dinheiro evoluem e se tornam
cada vez mais complexos, Moro não para de estudar.
É um aficionado pela histórica “Operação Mãos Limpas”.
Quando a compara com a Lava Jato, não tem dúvidas: “É apenas o
começo”.
O caso que marcou para sempre a política italiana foi deflagrado por um
acordo de delação, mecanismo inaugurado anos antes nos processos contra a
máfia. Após dois anos de investigações, a Justiça italiana havia expedido
2.993 mandados de prisão contra empresários e centenas de parlamentares, dentre
os quais quatro ex-premiê s. Num artigo sobre o caso italiano em
2004, Moro exalta os chamados “pretori d’assalto”, ou “juízes de
ataque”, geração de magistrados dos anos 1970 na Itália que ganharam espécie e
legitimidade ao usar a lei para “reduzir a injustiça social”, tomar posturas
antigovernamentais” e muitas vezes agir “em substituição a um poder político
impotente”. O juiz se identifica com essa geração e vê no Brasil de hoje um
cenário semelhante e propício ao combate à corrupção.
Fonte G1
0 comentários: