PERIGO
Mascote
da Copa, tatu-bola poderá ser extinto em 50 anos
No
próximo ano, animal será classificado como "em perigo de extinção"
Publicado em 22/12/2012, às 14h02
Da Agência Brasil
Foto:
Marcello Casal Jr/ABr
Mascote
da Copa do Mundo de 2014 classificado como espécie “vulnerável” em uma
tabela internacional de animais em risco de extinção, o tatu-bola
(Tolypeutes tricinctus) será rebaixado para a categoria “em perigo de
extinção”, um nível mais próximo da extinção.
A
mudança de status do tatu-bola deverá ser anunciada no início do ano que vem,
quando o governo brasileiro fará uma atualização da situação de espécies
brasileiras na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da
Natureza (IUCN).
Segundo
o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o tatu-bola
foi uma das 1.818 espécies brasileiras analisadas em levantamento concluído em
outubro deste ano. A mudança de status do animal aguarda a aprovação do
Ministério do Meio Ambiente.
De acordo com a escala usada pela IUCN, o risco de extinção do mamífero, que já era considerado “alto”, passa a ser considerado “muito alto”. A vice-presidente do grupo de pesquisa sobre Xenartros (tatus, tamanduás e preguiças) da IUCN, a brasileira Flávia Miranda, que participou do levantamento do ICMBio, disse à Agência Brasil que a espécie perdeu mais de 50% de seu habitat nos últimos dez anos.
“Na
última avaliação do Brasil, esse status caiu. A situação ficou bem mais
crítica. Conseguimos sentar com alguns pesquisadores do Nordeste e vimos que
está havendo declínio populacional”, disse Flávia.
Organização
não-governamental responsável pela campanha em prol da escolha do tatu-bola
como mascote da Copa do Mundo de 2014, a Associação Caatinga diz que a espécie
é muito sensível à destruição de seu habitat - a caatinga e o cerrado
brasileiros - e só consegue sobreviver em ambientes bem conservados.
“É
uma espécie que sente as alterações no ambiente. Se há desmatamento, queimada,
expansão urbana ou de novas áreas de agricultura, ele desaparece, porque não
suporta alterações ambientais", explica o secretário-executivo da
Associação Caatinga, Rodrigo Castro.
Segundo
ele, o tatu-bola está em perigo e, se nada for feito de imediato em termos de
preservação, a espécie poderá ser extinta em até 50 anos. Castro lembra que o
mamífero também sofre ameaça de caçadores, embora a caça venha diminuindo com o
passar do tempo, já tem sido mais difícil encontrar a espécie na natureza.
Com
a escolha do animal como mascote da Copa de 2014, Castro acredita que os olhos
do mundo se voltarão para a espécie e sua situação de ameaça poderá ser
revertida. “A Associação Caatinga se aliou à IUCN, em junho deste ano, e
construiu um projeto de conservação do tatu-bola, que pretende, em dez anos,
reduzir o status de ameça dentro da lista vermelha”, disse.
Além
de ações voltadas para a pesquisa, a conservação das áreas onde há tatus-bola e
a educação ambiental, pretende-se usar eventos e jogos da Copa do Mundo para
divulgar a espécie. “Estamos buscando parceria com a Fifa [Federação
Internacional de Futebol, que realiza o mundial], com patrocinadores do evento
e outras entidades preocupadas com questões ambientais”, disse.
Apesar
disso, de acordo com o coordenador-geral de Manejo para a Conservação ICMBio,
Ugo Vercillo, o tatu-bola não receberá nenhum tratamento especial do governo
brasileiro por ter sido escolhido mascote da Copa de 2014. “Não existe nenhuma
mudança do nosso planejamento em virtude da espécie ser mascote da Copa do
Mundo. Está previsto, no próximo ano, elaborarmos o Plano de Ação dos
Xenartros, que incluirá o tatu-bola”, informou por e-mail.
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