24/09/2014
Fiocruz vai liberar Aedes aegypti com bactéria no Rio para combater
dengue
10 mil mosquitos serão liberados toda semana em
bairro do Rio de Janeiro.
Bactéria Wolbachia faz com que mosquito não possa transmitir dengue.
Fiocruz vai soltar Aedes aegypti com bactéria que impede que mosquito
transmita dengue
Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
vão soltar 10 mil mosquitosAedes aegypti toda
semana durante três ou quatro meses no bairro de Tubiacanga, na Ilha do
Governador, no Rio de Janeiro. Os mosquitos contêm a bactéria Wolbachia, que os
impede de transmitir o vírus da dengue. O objetivo é substituir toda a
população de mosquitos da região para reduzir os casos de infecção por dengue.
A liberação dos primeiros mosquitos aconteceu nesta
quarta-feira (24). Desde 2012, a Fiocruz trabalha no projeto estudando bairros
para a aplicação do método, avaliando a população de mosquitos desses bairros e
promovendo cruzamentos dos mosquitos com Wolbachia com os mosquitos do Brasil
em laboratório.
Os ovos de mosquito com a bactéria foram importados
da Austrália, com autorização do Ibama.
A partir da seleção do bairro de Tubiacanga, a
Fiocruz também começou a fazer um trabalho junto à população de esclarecimento
sobre o projeto. Moreira conta que uma pesquisa foi feita com 30% da população
de cerca de 3 mil habitantes do bairro para verificar o conhecimento que as
pessoas tinham sobre a dengue e a opinião que faziam do projeto. 90% dos entrevistados
disseram estar de acordo com a soltura dos mosquitos com Wolbachia na região.
Moreira explica que 10 mil mosquitos serão soltos a
cada semana durante cerca de 3 a 4 meses. Como as fêmeas infectadas passam a
bactéria para os ovos, a expectativa é que depois de um tempo, toda a população
esteja infectada pela Wolbachia. “Toda semana, vamos soltar os mosquitos e
fazer a coleta na região para verificar se estão infectados ou não, até atingir
cerca de 100%. A partir disso, não precisa soltar mais”, diz o pesquisador.
A bactéria Wolbachia não traz nenhum risco às
pessoas, segundo os pesquisadores. Moreira explica que as pessoas já estão
expostas a ela no dia a dia: 70% dos pernilongos, por exemplo, têm essa
bactéria no organismo.
A iniciativa faz parte de um projeto internacional
lançado pela Austrália chamado “Eliminate Dengue: Our Chalange” (ou Eliminar a
Dengue: Nosso Desafio). Foi na Universidade de Monash que uma equipe de
pesquisadores conseguiu retirar a bactéria Wolbachia das moscas-das-frutas e passá-la
para os mosquitos Aedes aegypti,
injetando-a nos ovos dos mosquitos.
Outros estudos demonstraram que a bactéria era
capaz de bloquear o vírus da dengue noAedes aegypti, impedindo que o mosquito transmitisse a doença ao picar alguém.
Mosquitos com a bactéria já foram liberados em algumas cidades no nordeste da
Austrália e também no Vietnã e Indonésia.
No Brasil, o projeto se chama “Eliminar a
Dengue: Desafio Brasil”. Nos próximos anos, outros três bairros devem receber
os mosquitos com bactéria, segundo Moreira: Urca e Vila Valqueire, no Rio de
Janeiro, e Jurujuba, em Niterói
Fonte G1
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