07.12.14
Materiais reutilizados são aplicados na decoração da casa
Pedreiro de Extrema usou garrafas pet em estrutura de casa sustentável
Mais de 10 mil garrafas foram usadas na estrutura
do imóvel em Extrema.
Usando materiais doados, custo da construção ficou menos de R$ 15 mil.
Usando materiais doados, custo da construção ficou menos de R$ 15 mil.
Um pedreiro de Extrema (MG) resolveu unir criatividade, economia e
preservação ambiental na construção da casa própria e usou mais de 10 mil
garrafas pet na estrutura do imóvel. O resultado é uma casa arejada, resistente
e ecologicamente correta. Usando materiais doados e reutilizando outros, o
custo do imóvel ficou em menos de R$ 15 mil. Especialistas acreditam que o
projeto, seguro e sustentável, é uma boa solução para a preservação do meio
ambiente.
Ao olharmos o imóvel de longe, a estrutura aparenta
ser uma casa convencional, mas ao nos aproximarmos, no lugar de tijolos o que
se vê são círculos coloridos das garrafas que geralmente usamos para armazenar
refrigerantes. O pedreiro Ed Mauro Aparecido Morbidelli conta que teve a ajuda
do pai para investir no projeto. "Noventa por cento das garrafas foi meu
pai que pegou nas coletas seletivas, passava antes do caminhão e pegava as
garrafas, e amigos que iam guardando nas casas.”
O pedreiro garante que as paredes são tão firmes
quanto as feitas com tijolos e que a casa resiste às ações do tempo. "Isso
aqui é um tijolo, quase 8 kg cada garrafa cheia", explica.
Além das garrafas cheias de terra, ele usou cimento
e areia. Com a ajuda de amigos, Morbidelli construiu a casa em um terreno na
zona rural da cidade. Foram dois anos de obras e para completar ainda falta o
acabamento, que ele vai executando aos poucos. O pedreiro nunca tinha feito
nada assim e conseguiu aprender sobre a técnica na internet.
Dentro da casa a temperatura é agradável. Os
cômodos recebem claridade pelas garrafas plásticas colocadas no telhado. A
decoração revela outro talento do pedreiro, de reaproveitar peças que seriam
descartadas. Com cacos de azulejo, ele montou mosaicos no banheiro, e com
madeiras que iriam para o lixo, fez uma cadeira. A pia da cozinha tem adornos
com fundos de garrafa de vidro e até batentes e janelas foram reformados, o que
deixou a construção da casa ainda mais barata. "Ficou cerca de uns R$ 12
mil a casa, mas reaproveitando janela, porta, tudo de demolição que foi
doado", calcula.
Quando Morbidelli começou a construir com garrafas
pet, surgiram outras ideias para que a casa fosse ecologicamente correta. A
caixa d'água, por exemplo, é toda abastecida com água de chuva e três caixas
recebem água direto da calha. O portão da casa e o arrimo na base são feitos de
pneus. Ele ainda plantou no terreno 72 mudas de árvores nativas e frutíferas.
Agora, Morbidelli espera que o projeto dele possa
ajudar outras pessoas. "Tem tanta gente que às vezes tem um pedaço de
terreno, mas não tem dinheiro pra construir e está pagando aluguel, então você
pode fazer algo com baixo custo e que fica bom, que dá pra você morar e tem a
preservação [do meio ambiente]. Então [é juntar] o útil ao agradável."
Viável e
sustentável
Segundo a arquiteta Ângela Marques, especialista em utilização de materiais
alternativos em construções, o uso de garrafas pet em construção se iniciou na
Índia e na América Latina, em 2000, e em 2011 ela foi utilizada na Nigéria pra
resolver duas questões: o déficit de moradias e o descarte de garrafas pet nas
ruas sem um uso adequado.
"A resistência deste material é muito maior do
que a do tijolo convencional, isso foi comprovado em pesquisas, e também um
ponto importante é a característica termoacústica que a parede de
garrafa-tijolo tem. A condutibilidade do calor é inferior ao do tijolo
convencional, isso garante que dentro de uma casa de garrafa pet você tem uma
temperatura que chega a 18º num país tropical. Isso é super confortável",
afirma
Fonte G1 MG
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