09.12.14
Gravações mostram PMs ajudando ladrões de caixas eletrônicos
Operação das polícias Civil e Militar do Paraná prendeu 17 pessoas.
Dessas, sete eram policiais militares; eles forneciam armas e logística.
Gravações obtidas pelas polícias Militar e Civil do
Paraná mostram como funcionava a maior quadrilha de assaltos a caixas
eletrônicos do estado. No grupo, que foi preso no início de novembro deste ano,
em Curitiba, havia sete policiais militares. Ao todo, 17 pessoas foram detidas
na ocasião, por suspeita de integrar a quadrilha.
As gravações mostram como os policiais ajudavam os
ladrões a executar os crimes. Em alguns casos, eles forneciam armamentos e
cobertura, desviando o foco de unidades da Polícia Militar das áreas onde
ocorreriam as explosões de carros.
Em uma das gravações, um ladrão combina um roubo
com um policial e pede uma espingarda. Na gíria de ambos, segundo a polícia,
eles chamam a arma de “bocuda”.
Ladrão: hein, hein fio?
PM: Oi.
Ladrão: Vai sair aquela "bocuda" lá?
PM: Se quiser, vai
Ladrão: Então, firmeza
PM: Oi.
Ladrão: Vai sair aquela "bocuda" lá?
PM: Se quiser, vai
Ladrão: Então, firmeza
O policial ainda tranquiliza o ladrão sobre a
presença de outros PM’s na região. Naquele dia, o grupo explodiu caixas
eletrônicos em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba.
Ladrão: As duas que tavam aqui tão fechado?
PM: Sim, s... sim, sim, sim
Ladrão: Então, firmeza
PM: Sim, s... sim, sim, sim
Ladrão: Então, firmeza
Outra tática comum dos criminosos era inventar
emergências policiais. Com isso, as equipes eram deslocadas para uma
determinada área, enquanto eles agiam em outra.
PM: Polícia Militar, emergência.
Ladrão 1: Eu acabei de ver três rapazes desmanchando um carro aqui na estrada do Pernambuco aqui em Rio Branco [do Sul] (...) é uma ruazinha escondida, mas todo mundo sabe onde é.
Ladrão 1: Eu acabei de ver três rapazes desmanchando um carro aqui na estrada do Pernambuco aqui em Rio Branco [do Sul] (...) é uma ruazinha escondida, mas todo mundo sabe onde é.
Logo em seguida, ele avisa um dos comparsas.
Ladrão 1: Eu já abri a ocorrência lá no meio do mato pros
cara, entendeu?
Ladrão 2: Aham (...) podemos descer a marreta, então?
Ladrão 2: Aham (...) podemos descer a marreta, então?
Na mesma noite, ao tentar arrombar a agência, o
alarme disparou. O policial que ajudou o grupo não quis saber do problema e
cobrou resultados dos assaltantes.
Ladrão 1: Nós demos uma marretada no bagulho e berrou o
alarme. e daí?
PM: Parou. (...) se vc ver que não vai dar mesmo, que f***, vai na frente lá e estoura a frente.
PM: Parou. (...) se vc ver que não vai dar mesmo, que f***, vai na frente lá e estoura a frente.
Aquela noite terminou com uma troca de tiros entre
os policiais que monitoravam as ligações e os ladrões. Na fuga, um carro que
dava cobertura aos criminosos capotou. O delegado Luiz Alberto Cartaxo, que
acompanhava as investigações ficou espantado com o que encontrou no
veículo. “Para nossa surpresa, dentro havia um PM e o irmão de outro PM”,
diz.
As investigações contra o grupo levaram seis meses.
Apesar das prisões, os sete policiais militares detidos foram soltos. Conforme
o Comando da Polícia Militar do Paraná, eles foram afastados das atividades da
corporação. No entanto, ninguém quis comentar o assunto. Se condenados, eles
podem ser expulsos da polícia.
Fonte G1 PR
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