11/05/2013
Seca revela fósseis de animais da Era do Gelo no Agreste pernambucano
Ossos foram encontrados em lago no topo de uma
serra, em Caruaru.
Descoberta intriga moradores da região e vira desafio para pesquisadores.
Descoberta intriga moradores da região e vira desafio para pesquisadores.
Comunidade científica já se debruça sobre o material para datar os ossos
(Foto: Luna Markman/G1)
Uma descoberta paleontológica no Agreste
pernambucano intriga moradores da região e pesquisadores. Com a forte estiagem
que abate o Nordeste brasileiro, uma espécie de lago entre pedras no topo de
uma serra no sítio Carneirinhos, em Dois Riachos, na zona rural de Caruaru, a
130 quilômetros do Recife, secou completamente pela primeira vez, revelando
centenas de fragmentos de fósseis de animais pré-históricos. Entre eles, há
exemplares da megafauna, que habitaram a região na conhecida Era do Gelo, há
pelo menos 10 mil anos atrás.
Com as chuvas das últimas semanas, o reservatório voltou a encher, mas a
curiosidade permanece. Aos poucos, o local começou a virar ponto turístico. A
comunidade científica já se debruça sobre o material a fim de datar os ossos e
descobrir quando eles foram parar naquele lugar. O G1 foi conhecer o "cemitério de fósseis",
que ainda guarda possíveis pinturas rupestres.
José Carlos segura fragmento de osso
que achouno 'lago
'Tomei um
susto'
O responsável pela descoberta dos ossos foi o agricultor José Carlos Silva,
contratado pelo proprietário do sítio para limpar a lama que cobria o
reservatório, cujo fundo chega a quatro metros. Pelas diferentes colorações nas
paredes é possível enxergar os níveis que a água chegou ao longo do tempo.
"Logo no primeiro metro, já apareceu um 'bocado' [de ossos]. Eu tomei um
susto. Moro há 41 anos aqui e nunca tinha visto isso. Achei fantástico, pensava
que era de dinossauro. Parei o serviço para avisar ao patrão", contou.
Professora de história, Elenilma Melo, esposa do proprietário do terreno, foi
quem percebeu o valor da descoberta. "Eu disse: 'não bole em nada ai',
pois sabia que era tudo muito frágil, podia quebrar. Procurei outros colegas de
trabalho, que entraram em contato com a UFRPE [Universidade Federal Rural de
Pernambuco]. A notícia tem se espalhado e a gente está cada vez mais ansioso
para saber o que tem lá [na lago]", comentou. "Nossa ideia é
preservar o local para guardar esse pedaço da história. A casa está aberta para
quem quiser nos visitar", complementou o comerciante José Severino Silva,
dono do sítio.
O biólogo Alexandre Nunes já analisou algumas peças
e identificou, por exemplo, partes de uma mandíbula, de um fêmur e de uma
terminação do rabo de uma preguiça gigante, que devia medir seis metros. Também
há fósseis de tatus, que na época eram do tamanho de um Fusca; de mastodonte e
toxodonte, parentes distantes do elefante e do hipopótamo, respectivamente.
"Sabe aquele filme 'A Era do Gelo'? São animais daquele período geológico,
o Pleistoceno, que habitavam essa região, favorável à sobrevivência deles, sem
mata fechada e com comida. Eles foram extintos por conta das mudanças
climáticas, passaram por quatro eras glaciais", explicou.
Biólogo Alexandre Nunes mostra parte de
mandíbula
O paleontólogo Gustavo Ribeiro, professor do
Departamento de Biologia da UFRPE, está responsável pela análise do material.
"Já pegamos mandíbula, ossos longos e ossos menores, cerca de 10 a 15
materiais, que serão estudados para divulgação científica até o fim deste ano.
Acredito que os animais iam buscar água naquele local e morriam próximo dali, e
as enxurradas levavam os ossos para o fundo daquela depressão. Agora, quando
foram parar ali, vamos ter que usar técnicas de isótopos radioativos, como
caborno-14, para datação", argumentou o estudioso, que voltará ao sítio,
na próxima semana, para recolher mais amostras.
Esta não é a primeira jazida fossilífera localizada em Pernambuco. Segundo a
paleontóloga da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Alcina Magnólia
Barreto, há ocorrências em pelo menos 40 municípios do estado. A maior parte
fica em Brejo da Madre de Deus, perto do sítio em Dois Riachos, onde há 15
depósitos identificados.
E eles dão pistas sobre as características
dos fósseis encontrados na região. "A datação deles tem ficado entre 50,
60 e 70 mil anos atrás. Entre os fragmentos coletados, estavam ossos
petrificados de preguiças, lhamas, toxodontes, mastodontes", apontou.
"É importante preservar essa recém-descoberta porque ela pode ser um local
chave na compreensão da ocupação da área pela fauna e pelo homem
pré-histórico", complementou.
No sítio em Dois Riachos, um paredão com a ponta mais curva, que serviria de
abrigo aos nossos ancestrais, tem possíveis pinturas rupestres, que ainda serão
pesquisadas. "São desenhos que representam o cotidiano dos homens
pré-históricos, que podem ter coexistido ou não com os animais gigantes, isso
precisa ser estudado", explica o biólogo Alexandre Nunes.
Fósseis encontrados no local eram, segundo pesquisadores, de animais do
tamanho de um Fusca
Fonte G1
eu amo a pre-historia tanto que quando eu cracer vou ser arqueologa,paleontologa e pesquisadora marinha
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